Tradicionalmente, o transtorno de ansiedade social (TAS) apresenta dois subtipos no que diz respeito às situações que produzem a ansiedade: 1. Ansiedade de interação social, e 2. Ansiedade de desempenho social.
A ansiedade de interação social é aquela em que a pessoa se sente nervosa e tem dificuldade em situações que envolvem, por exemplo, bater papo com alguém, conhecer pessoas novas, paquerar, trocar um produto em uma loja, atender ligações, e diversas outras situações que demandam comportamentos de se relacionar de maneira mais informal e mais próxima com os outros.
Já a ansiedade de desempenho social, é aquela em que a pessoa manifesta ansiedade quando tem que realizar alguma atividade específica em público. Aqui, as situações geradoras de ansiedade possuem um caráter mais formal e impessoal, não demandando comportamentos interpessoais de intimidade, por exemplo. Algumas situações típicas são, falar em público (dar uma palestra, por exemplo), comer em público, tocar um instrumento na frente dos outros, trabalhar em público, digitar ou assinar documentos quando tem alguém observando, etc.
Mais recentemente, alguns estudos tem apontado para a existência de um grupo de indivíduos com TAS que manifesta os sintomas do transtorno apenas ao serem observados. Ou seja, estas pessoas não precisam, necessariamente, estar interagindo ou desempenhando algo em público. Basta que elas percebam que estão sendo notadas e todo o conjunto de sintomas da ansiedade social (AS) se manifesta.
Este tipo de ansiedade tem sido chamado de ansiedade de observação. É evidente que os outros dois tipos de AS também envolvem "estar sendo observado". Porém, as pessoas com ansiedade de interação ou de desempenho não se sentem (teoricamente) nervosas ou muito ansiosas com o simples fato de estarem sendo observadas, sugerindo que aqueles que apresentam ansiedade de observação teriam um quadro de TAS mais grave.
Um exemplo típico de ansiedade de observação é aquela pessoa que, antes de sair de casa e, ao caminhar na rua, já se sente muito desconfortável pelo fato de poder estar sendo observada. Ao passar um ônibus ao lado dela, por exemplo, a pessoa tem a sensação de estar sendo observada e fica preocupada se estão notando algo "estranho" ou "errado" com ela. Talvez possa ser sua forma de caminhar, sua forma de olhar ou se movimentar ou mesmo aparentar algum defeito físico.
O objetivo deste artigo foi apenas introduzir e descrever brevemente essa manifestação da AS que ainda é pouco estudada. O que podemos supor, inicialmente, é que estas pessoas teriam mais dificuldade em realizar suas atividades do dia a dia e até mesmo buscar tratamento. Afinal de contas, ao sair de casa, inevitavelmente elas vão se deparar com o olhar de alguém e isso é assustador para estas pessoas.