De forma geral, existem dois modos de funcionamento nos quais as pessoas se engajam para lidar com as situações de vida. O primeiro refere-se a um modo "mental", que é orientado para a resolução de problemas. O segundo refere-se a um foco nas experiências reais que um indivíduo vivencia e é desvinculado da mente.
O objetivo deste artigo é provocar uma reflexão sobre quando estes dois modos básicos do funcionamento humano podem ser úteis ou não para a conquista de objetivos importantes de vida.
Repare. O modo mente consiste em uma forma intelectualizada e racional de lidar com os eventos da vida, inclusive com o próprio mundo interno. Neste modo, os pensamentos e o raciocínio lógico predominam no controle do comportamento. Por isso, ele é extremamente eficaz na resolução de problemas e funciona bem quando aplicado a eventos externos. Por exemplo, se você vai fazer uma prova e precisa resolver um problema de matemática, o modo mente será extremamente útil e necessário.
No entanto, quando se trata de experiências internas (pensamentos, sentimentos, sensações, memórias, etc.), o modo mente geralmente é ineficaz e por vezes até prejudicial. Por que?
Simplesmente porque a nossa mente tende a querer "resolver" os problemas do nosso mundo interno como se fosse um problema de matemática. Ou seja, se sentimos ansiedade, tristeza ou temos pensamentos dolorosos, nossa mente, com sua orientação para a resolução de problemas, começa a nos dizer que há algo de errado conosco e que precisamos nos livras dessas experiências indesejadas. Note que nesse modo de funcionamento, há um problema a ser resolvido. Isso nos é ensinado desde cedo e reforçado culturalmente. Quem nunca ouviu algo do tipo "busque a felicidade e evite sofrer!"
Dessa forma, começamos a travar uma batalha interna contra nós mesmos, tentando controlar ou nos livrar destas experiências. Porém, essa batalha interna só tende a aumentar o sofrimento, pois nossas experiências internas não são passíveis de controle como os eventos externos, embora nossa mente insista em nos vender essa ideia.
Por outro lado, o modo experiência consiste em simplesmente vivenciar as experiências tal como elas se apresentam, observá-las, sem julgamentos, estar disposto e aberto para suas ocorrências e aprender com elas, mesmo que sejam dolorosas. Um pensamento ou um sentimento negativo não pode realmente feri-lo, ele é apenas um pensamento ou sentimento para ser experienciado de forma plena, sem defesas desnecessárias.
O modo experiência é mais sábio para lidar com o mundo interno, pois ele abre mão da luta interna desnecessária e dá abertura para a vivência das experiências sem tentar "consertá-las". Experiências internas não são como um rádio quebrado que precisa de conserto nem como um problema de matemática a ser resolvido. Assim, sua experiência será mais útil para indicar o melhor caminho a seguir, o que deu e não deu certo do que sua mente, que sempre tentará convencê-lo a se livrar de qualquer sofrimento. Isso pode te afastar dos seus valores de vida!
Nesse sentido, busque dar mais voz às suas experiências do que à sua mente ao lidar com suas emoções, pensamentos, memórias, etc. Assim, você pode criar mais espaço para agir livremente em direção ao que realmente importa na sua vida e não ficar aprisionado em uma batalha interna para se livrar das experiências indesejadas.
Por fim, lembre-se: você não precisa necessariamente se sentir melhor para viver melhor!! As experiências internas ocorrem em um fluxo contínuo e estão sempre mudando, de forma que o mais importante é viver uma vida significativa com base nos seus valores!
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