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  • Foto do escritorPedro Gouvêa

Conversa com um amigo x com um psicólogo


Quando não estamos bem emocionalmente, ou estamos com algum problema qualquer, é sempre bom conversar com um amigo. Mas não um amigo qualquer, e sim um amigo próximo, acolhedor, de confiança, que nos sentimos à vontade e que seja um bom ouvinte (isso também vale para outros ouvintes, como parentes, namorados, companheiros, etc.).

Considerando que você tenha esse amigo ou essa pessoa de confiança para conversar, porque então procurar um psicólogo? Não seria a mesma coisa? Não seria perda de tempo e dinheiro? Ainda é comum a frase "para quê vou pagar alguém para me ouvir?"

Vamos lá. Uma conversa com um amigo, por melhor que ele seja, tem basicamente a função de um desabafo. Ou seja, ele vai lhe ouvir atentamente e, possivelmente, dará algumas sugestões, conselhos, dicas e fará algumas críticas e julgamentos pessoais sobre o que você lhe conta.

É indiscutível o fato de ser muito bom conversar com um verdadeiro amigo, pois quando expomos nossos problemas, ele nos ouve, nos aconselha, e nos sentimos mais leves, aliviados, podendo até mesmo encontrar uma solução para a questão. Está aí a função principal da conversa: um desabafo. Não há muitas perspectivas de reflexão profunda e mudança consistente de atitude.

Um amigo não possui um olhar e uma escuta técnica. Ele irá ouvi-lo com um "ouvido leigo" e fará interpretações baseadas na sua experiência, ou seja, no senso comum. Ele não dispõe dos conhecimentos científicos da psicologia para reagir de outra forma. Logo, sua ajuda pode até ser um pouco eficaz, mas será limitada para promover mudanças consistentes de comportamento. Como mencionado, a conversa assume basicamente a função de um desabafo.

Por outro lado, o psicólogo irá tratar as questões de forma objetiva, com seu olhar técnico e escuta diferenciada (poderia qualificar a escuta de um psicólogo de diversas formas, como clínica, terapêutica, científica, etc.). Traduzindo: o psicólogo irá investigar tecnicamente as situações, os comportamentos e as consequências que estão envolvidas no problema. Não se trata de uma conversa qualquer. Trata-se de uma análise científica do que é trazido para a sessão de terapia, assim como um dentista analisa cientificamente um problema dentário.

O psicólogo possui instrumentos científicos e passou por um longo treinamento para para fazer esta análise. Logo, tem maiores condições de formular soluções consistentes para os problemas que lhe são trazidos. Aqui, a conversa não assume primariamente a função de um desabafo, mas sim de mudança efetiva de comportamento. Um psicólogo analisa o discurso cientificamente, enquanto que um amigo analisa o discurso com base no senso comum. As consequências das duas análises provavelmente serão muito diferentes para aquele que desabafa.

Vejamos um exemplo. Você expor um problema no seu relacionamento amoroso vai ser ouvido de forma muito diferente por um psicólogo e por um amigo. Consequentemente, as reações também vão ser diferentes. O psicólogo vai ouvi-lo procurando identificar as situações, as respostas e as consequências específicas do que você está vivenciando como um problema no seu relacionamento (como já apontado). Um amigo vai ouvi-lo de modo parcial, sem estabelecer relações entre estes elementos, pois ele não foi treinado para isso nem é papel dele na relação com você.

Para finalizar, e mais importante de tudo, o psicólogo não julga nem faz críticas sobre certos ou errados, ele compreende que qualquer comportamento tem um sentido dentro de uma história pessoal. Trata-se de descobrir o sentido do comportamento e não de julgá-lo como certo ou errado, normal ou anormal. Escutar de forma qualificada é o trabalho do psicólogo, é para isso que ele foi treinado e essa é a diferença fundamental. Sem isso, a conversa se torna um simples desabafar de ideias desordenadas.

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