Considero esse artigo extremamente importante para pessoas que sofrem de ansiedade social. Isso pelo fato de que a grande maioria destas pessoas apresenta um alto padrão de perfeccionismo. Essa afirmação não é um "achismo". Já está bastante comprovada na literatura científica, na experiência clínica e no cotidiano. Em minha página no Facebook, por exemplo, fiz uma enquete perguntando aos seguidores se eles se cobravam muito ou não. Resultado: TODAS as respostas foram afirmativas: eles se cobram muito.
Qual a natureza da relação entre perfeccionismo e ansiedade social? Por que estas pessoas se cobram tanto? Há algo a ser feito?
O perfeccionismo na ansiedade social se expressa como uma autocobrança excessiva em relação ao desempenho social. Ou seja, a pessoa teme exageradamente cometer algum "erro social". Exemplos: gaguejar durante uma apresentação, tropeçar nas palavras, ficar vermelha, falar alguma "besteira", não saber como cumprimentar alguém, não saber o que falar durante uma conversa, etc.
Para essas pessoas, estes erros são vistos como inadmissíveis, pois podem causar uma má impressão nos outros e os outros passarem a vê-las como incompetentes, inadequadas e inferiores (no fundo, representa a imagem que elas têm de si mesmas).
Sendo assim, qualquer erro social deve ser evitado a todo custo. Como isso é praticamente impossível, o ansioso social gasta uma enorme quantidade de energia tentando agir de forma perfeita socialmente e é comum que ele saia de uma interação social exausto. Quando ocorre algum erro, a sua crença de inadequação social é reforçada.
O que ele não consegue assimilar, é que erros e inadequações sociais são extremamente comuns. Todos cometem. O gasto excessivo de energia para tentar ser perfeito é desnecessário, além de ser um objetivo inalcançável.
No fundo, essa tentativa de ser perfeito nas interações sociais é resultado de duas tendências comportamentais que marcam o transtorno de ansiedade social: querer agradar os outros a qualquer custo - causar uma boa impressão - e evitar ser mal avaliado de alguma forma.
O mais importante é o seguinte (e aqui vem a sugestão de reflexão): Quanto mais alguém se cobra no sentido de não cometer erros sociais, maior o grau de ansiedade e maior a probabilidade de que erros sejam cometidos. Portanto, em qualquer terapia para ansiedade social, uma das estratégias de intervenção é diminuir a cobrança social do indivíduo.
Estas pessoas precisam aprender a lidar com o erro de maneira diferente, talvez até se divertindo com eles. Quando essa mudança de perspectiva em relação ao erro é alcançada, o comportamento social tende a ficar mais natural, mais espontâneo, menos "robotizado", sem a necessidade de protocolos de como agir. A dica final que eu posso dar é a seguinte: faça o que tem vontade de fazer consciente de que o erro é esperado e está tudo bem. Ele só te avisa que você ainda é um ser humano!!