Já sabemos que a característica principal da fobia social é um medo excessivo de estabelecer contato social. Porém, dizer isso ainda é muito vago. Ou seja, precisamos especificar algumas coisas: como se manifesta esse medo excessivo em uma determinada pessoa? O que ela pensa antes e durante uma situação social? Em que situações exatamente ela teme o contato social? O medo aparece com qualquer pessoa? E assim por diante.
Bem, a grande maioria dos fóbicos sociais teme o contato social presencial, ou seja, iniciar e manter conversas, cumprimentar pessoas, interagir com desconhecidos, apresentar trabalhos, etc. Porém, com a crescente invasão do mundo virtual em nossas vidas, especialmente as redes sociais, começamos a perceber alguns elementos novos.
Alguns fóbicos sociais relatam ser bastante extrovertidos quando interagem por mensagens de aplicativo, por exemplo. Outros não relatam dificuldades em conversar de forma virtual, pois acabam não "aparecendo".
De fato, a interação virtual pode ser bem menos assustadora, uma vez que a pessoa não precisa, necessariamente, expor sua voz, sua aparência e seu próprio corpo. Ela estaria, assim, mais "protegida" dos julgamentos dos outros, pois há menos elementos expostos a serem julgados.
Por outro lado, há fóbicos sociais que também temem as interações virtuais, ou seja, se sentem ansiosos ao ter que mandar mensagens, principalmente de voz, fazer vídeo chamadas ou paquerar em um aplicativo. Esses casos provavelmente são os mais graves e devem ser olhados com mais cuidado.
O que vejo como mais problemático disso tudo é a utilização das redes sociais, por parte de fóbicos sociais, como uma esquiva das interações presenciais. A pessoa pode até se expor bastante nas redes, postando fotos, conversando com várias pessoas e não há nada de errado nisso. Mas e quando houver necessidade de uma interação presencial? Será que a ansiedade não será maior? Será que não haverá um deterioração das habilidades para interagir presencialmente?
Diante da virtualização generalizada das nossas vidas, é fundamental perceber se estamos utilizando as redes como uma fuga do mundo "real" e que consequências isso pode acarretar.
Um monstro que já era grande (a fobia social) pode acabar se tornando ainda maior com a esquiva através das redes. O ideal é buscar um equilíbrio entre interações virtuais e presenciais, sem deixar que as redes sociais se tornem uma zona de conforto de onde não se quer mais sair. Como está a sua balança de interações presenciais x virtuais? Quantos % você interage presencialmente e quantos % interage virtualmente? Entende que é necessário algum ajuste nessa questão? Reflita um pouco sobre isso...
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