A atenção refere-se a um processo cognitivo fundamental quando falamos em transtornos de ansiedade em geral. Gostaria de discutir neste artigo alguns aspectos desse processo e oferecer algumas sugestões práticas para melhorar a qualidade da sua atenção.
Uma das coisas que as pessoas ansiosas mais fazem é focar sua atenção no lugar "errado". Por exemplo, no transtorno de ansiedade social (TAS), o indivíduo costuma focar sua atenção de forma exagerada em si mesmo (atenção autofocada) ou no que supostamente os outros estão pensando dele, ao invés de focar a atenção nos estímulos relevantes da situação (por exemplo, no conteúdo de uma conversa).
Um outro exemplo seria aquela pessoa cronicamente ansiosa que vive no futuro, antecipando e se preocupando com possíveis acontecimentos negativos (que na maioria das vezes nunca acontecem).
Nesse sentido, há uma qualidade de atenção prejudicada em relação ao que realmente importa na situação, ou seja, os estímulos presentes que vão favorecer um comportamento eficaz.
Se a qualidade da minha atenção é pobre, ou seja, se estou em um grupo, mas fico disperso, imaginando o que estão pensando a meu respeito, presto atenção a cada alteração no meu batimento cardíaco, etc., então o meu desempenho também será pobre. Ou seja, ter boa capacidade atencional está intimamente ligado a ter um comportamento efetivo em dada situação. Ok, e como desenvolver isso?
Antes de tudo, perceba para onde a sua mente está te levando em dada situação. Talvez ela esteja te puxando para o passado ou talvez para o futuro, antecipando algum resultado negativo. Ou ainda, talvez ela esteja insistindo para que você adivinhe o que os outros estão pensando de você.
Após ter tomado consciência disso, o segundo passo é trazê-la (a sua mente) para o momento presente. Isso pode exigir bastante esforço no início, uma vez que nossas mentes não suportam ficar no presente. Não tem problema. Toda vez que ela insistir em ir para o passado ou para o futuro, traga-a gentilmente para o presente. Não precisa "brigar" com ela.
O terceiro e último passo é perceber quais são os estímulos relevantes da situação e trazer sua mente para eles. Por exemplo, em uma conversa, o estímulo relevante é o conteúdo e a forma com a qual uma pessoa está falando. Em uma sala de aula, o estímulo relevante é o conteúdo que o professor está ensinando.
Ao praticar estes 3 passos com dedicação e compromisso, você pode começar a ter um aumento considerável de qualidade atencional ao que é relevante em uma situação particular qualquer.
Mas lembre-se!! Sua mente irá resistir às suas tentativas e talvez lhe ofereça algum desconforto no início. Isso faz parte do processo. Apenas agradeça o convite dela para levar sua atenção ao que não é importante e retome o seu foco naquilo que você deseja, e não no que ela diz que você deve focar! Para um aprofundamento maior sobre esse tema, busque estratégias de mindfulness!
Gostou do texto? Compartilhe para que mais pessoas tenham acesso!!
Comentarios