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Foto do escritorPedro Gouvêa

O que faz uma terapia dar certo?

Existem diversos estudos que discutem as variáveis que afetam os resultados em psicoterapia. Embora eu tenha em mente e considere fundamental a contribuição desses estudos, optarei por trazer aqui uma perspectiva mais pessoal, ligada à minha prática clínica.

Se você já faz terapia ou considera fazer, esse artigo é voltado pra você, uma vez que farei apontamentos importantes sobre o "papel de cliente" em psicoterapia.

Vamos começar pelas variáveis do terapeuta. O primeiro elemento a se considerar do terapeuta é a sua formação. Ou seja, se ele tiver uma formação sólida, as chances de bons resultados terapêuticos aumentam muito. Por formação sólida, me refiro a cursos de formação, especialização e pós-graduação em geral em instituições reconhecidas.

O segundo elemento é a sua experiência clínica. Quanto mais experiência, mais o repertório do terapeuta será variado e isso aumenta as chances de resultados efetivos. Claro que isso não é determinante, mas é um ponto a ser considerado na hora de buscar por um profissional.

O terceiro e último elemento (alguns dizem ser o principal), é a pessoa do terapeuta. Ou seja, sua capacidade de ter empatia, ser acolhedor, habilidades interpessoais, boa escuta, gentileza e outras características pessoais. Podemos resumir esse elemento como a capacidade do terapeuta se conectar de forma profunda com seu cliente e, sem dúvida, isso irá pesar bastante em termos de resultado.

Do lado do cliente, vou começar pelo elemento que considero central. Ou seja, é fundamental que o cliente tenha compromisso com a terapia. Isso significa ser assíduo às sessões, refletir sobre o que é trabalhado em sessão, fazer as atividades propostas em casa e estar focado durante a sessão. Sem isso, resultados favoráveis são improváveis.

O segundo elemento é a disponibilidade do cliente de entrar em contato com materiais dolorosos que, inevitavelmente, surgirão ao longo da terapia. Estar aberto para "sentir dor" é o que pode trazer uma nova forma de se relacionar com ela, mais saudável e significativa.

O terceiro e último elemento (e esse talvez seja o mais difícil) é ver o terapeuta como um ser humano. Ou seja, não se deixar fisgar pela ilusão de que o terapeuta é um "ser superior" que irá resolver seus problemas e que toda responsabilidade pela terapia e seus resultados é dele. Isso torna a relação mais humana, horizontal e "real" e te torna mais compreensivo para eventuais falhas do terapeuta.

Por fim, é importante destacar que não existe "terapia perfeita". O grande desafio é saber lidar de forma efetiva com as falhas do processo e seguir em direção ao que é importante. A construção de um bom relacionamento terapêutico é trabalhosa, mas gratificante quando atingida e ambos - terapeuta e cliente - devem trabalhar nessa direção o tempo todo. E a sua terapia, tem dado certo??



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